Eu já sabia que isto um dia ia acontecer...mas sabia que também só me ia deixar chatear com o assunto quando ficasse cansada. Acontece que fiquei. Cansada de não perceber determinados critérios de entrada em determinados eventos.
Nunca fui de ir para discotecas e ficar na fila a espera de ser selecionada para entrar. Democracia. É a palavra de ordem e acho que as escolhas não devem ser baseadas só no facto do dinheiro ou da apresentação que uma pessoa tem. Mas também não vou dizer que este e outros não possam ser motivos indicativos de alguma coisa.
Como blogger amadora deste blogue nunca consegui ir ao Portugal Fashion, também nunca me interessou de paixão e portanto fui deixando passar.
Como colaboradora recente do Movimento Moda e do trabalho que por lá faço e todos os outros contribuidores na plataforma achei que era importante ir. Tinha visto numa pesquisa rápida que se podia comprar os bilhetes para o evento e foi isso que tentei fazer. Porque não estou á espera que me ofereçam nada, muito menos quando não tenho sequer o nível de algumas bloggers e a visibilidade de tantas outras. Portanto fiz-me a vida.
Pouco tempo depois soube que afinal a informação que me tinha sido dada da venda dos bilhetes estava errada e que não podia comprar bilhetes. Fiquei triste. Queria muito ir ver os designers que pertencem ao Bloom e escrever sobre eles e as suas colecções porque é isso que mais gosto de fazer. Que me enche o coração e o cérebro de expectativa e esperança. Na melhor da expectativas ver o desfile da Katty Xiomara que adoro e do Miguel Vieira.
Em conversa com a minha editora do MM e por um mero acaso, perguntei-lhe se já que não existia a possibilidade de comprar os bilhetes se ela em nome da plataforma conseguia alguma entrada. Isto passou-se no início do mês. Fomos esperando e esperando com o não como certo e tudo que viesse de positivo seria bem recebido.
Na semana que passou comecei a ver algumas bloggers a publicarem os seus passes para o PF e nós do MM sem resposta alguma. Até hoje, Domingo. Escusado será dizer que o PF começa na Quarta-feira e é óbvio que nós não tivemos um lugarzinho ao sol nem para ver o BLOOM.
Não quero ir ao PF para ser fotografada. Não quero ir para me apontarem como isto ou como aquilo, nunca foi o que fiz aqui nem na plataforma do MM. O nosso trabalho vive de assuntos sérios, vive daquilo que nos é apresentado, do trabalho criativo dos outros e que nos compete a nós amadores ou não, divulgar e escrever sobre eles porque é sempre bom ver uma opinião de quem está de fora.
Ninguém conhece a pessoa que está por trás deste blogue, porque deve contar-se pelos dedos de uma mão as vezes que apareceram fotografias minhas aqui. Nunca me vesti e fotografei para o blogue numa espécie de exercício narcisista. Não, o meu exercício sempre foi outro, ligar a moda à História da Arte. Uma ode a trabalhos extraordinários e criativos que se apresentam.
Tal como Malraux teve o seu Museu Imaginário eu tento ter o meu closet imaginário, não é para o vestir, é para olhar para as peças e contempla-las faço isso muitas vezes, sabe tão bem.
De qualquer maneira e como me diz sempre com carinho a minha editora: "C. as paredes de texto não resultam. Ninguém quer ler."
E sabendo eu que ela é uma pessoa experiente e razoável ninguém vai ler isto e estão-se pouco lixando para o que eu digo.
Mas é sempre um prazer ver fotos de pessoas completamente fora da área que arranjam convites sabe-se lá como e outros que vão fazer do evento um circo. É na realidade a vida, com as suas contradições, sabores doces e amargos.
Mas depois não se queixem que só escrevemos sobre Valentino, VB, YSL e nada sobre a criação portuguesa. E que os próprios portugueses não dão valor ao que se faz no país. Uma grande fatia deles não tem acesso a ver o trabalho que se faz.
Por fim, desejo um óptimo Portugal Fashion a todos. Tirem muitas selfies e mostrem-me os vossos melhores looks.
Atentamente
We Agree to Disagree