"Victoria Beckham may have appeared solo on the cover of Vogue six times before (plus once on US Vogue with the Spice Girls), but for her latest Vogue cover she reveals how her style has changed since becoming a designer - and inside she describes what it's like to wake up with David."
LAUREN MILLIGAN
Esta é a definição do que é a entrevista a Victoria Beckham na British Vogue de Fevereiro de 2011(afinal não era do ano passado).
Eu achei que era muito mais que isso, não vi as outras seis capas de Vogues com ela e para além de saber que era casada com o David Beckham, que foi traída um trilião de vezes, aparecer sempre com cara de má, ser excêntrica e ter lido numa qualquer revista sensacionalista que ia lançar uma marca de roupa, só porque lhe apeteceu e pode, não sabia muito mais. Ah! Sabia, que tem três filhos e tinham todos imenso estilo.
Para mim a entrevista é de uma sinceridade tão envolvente, que fiquei logo convencida.
Há uns tempos atrás por questões de trabalho comecei a lidar com actores conhecidos portugueses, outras vezes cantores. Quando chegavam aos estúdios de gravação ou reuniões de trabalho, o primeiro impacto era sempre tratá-los com a maior das simpatias, ao fim de meia hora, eram eles que nos colocavam à vontade, tratavam-nos por tu e tentavam descontrair toda gente. Foi aí que nos apercebemos(eu e as minhas colegas de trabalho) que nos esquecemos frequentemente que são pessoas super reais, iguaizinhas a nós, mas cujo trabalho é mais visto. Alimentam-se do mesmo que nós, bebem como nós, vestem como nós, ouvem a mesma música que nós, entre outro sem fim de coisas.
Pelo Porto não é muito comum cruzarmo-nos com pessoas muito conhecidas mas Lisboa é a capital e a realidade é que o trabalho se concentra muito mais aí. Ou seja, uns amigos meus mudaram-se para Londres e ao fim de uns tempos já tinham visto não sei quantos famosos, eles era Kate Winslet, Sean Penn e eu pensava mas que sorte nunca me encontrarei com essas pessoas em Lisboa. Não encontro, mas encontro com muitas outras que pertencem à realidade do meu país e com muita qualidade também. Simplesmente o Sean Penn não vive em Lisboa se vivesse era muito provável que o encontrassemos no Bairro Alto ou em algum restaurante lisboeta.
Penso que para muitos esta constatação de que os "famosos"(odeio esta palavra) são pessoas reais pode ser muito óbvio, para mim não é que não fosse, no entanto quando de encontro com os mesmos a reacção é sempre diferente e mais cuidada, é inadvertido.
Tudo isto porque nunca vi a Victoria Beckham nunca passou por mim nem tive que trabalhar com ela mas a sensação com que fiquei depois de ler A entrevista à British Vogue é que ela deve ser a pessoa mais normal à face da terra à procura de conseguir singrar com a sua marca de roupa sem que os rótulos que a perseguem a afectem, sim porque pode ser muito bom ser mulher de um homem como David Beckham, mas como me ensinaram uma vez tudo tem o seu lado bom e mau e neste caso a fama de Beckham podia dar um valor à roupa que não é o desejável.
Foi o Marc Jacobs que a encorajou a seguir o seu sonho e a criar a sua própria marca de roupa:” If you do it really well and the quality's the best you can make it, then even if they say they don't like it, they can't say it's bad.” e ainda acrescenta sobre Victoria :” I genuinely like and admire her. She does what she wants, she works hard...”.
Lisa Armstrong a jornalista que entrevistou Victoria descreve-a como uma pessoa despretensiosa, educada, nada mal humorada mas com alguma falta de auto-confiança, admite que gosta de controlar tudo e fala fluentemente a língua da ironia e magra como uma agulha de crochet. Toneladas de maquilhagem, sim, mas bem aplicadas e nada que se assemelhe a uma “drag queen”.
Mas na entrevista não se fala só da vida de Victoria, fala-se muito mais que isso e é isso que a mim me interessa, a colecção de roupa de Victoria Beckham. Inicialmente a colecção era mostrada a pequenos grupos de jornalistas numa suite no Waldorf Astoria em Manhattan, quando por vezes algum editor não conseguia chegar a tempo Victoria repetia o desfile de novo para que o editor o pudesse ver, para mim o primeiro de muitos actos de humildade.
Nunca assisti a nenhum desfile mas a Internet é o mundo e fartei-me de rever e ver as novas colecções e não podia estar mais de acordo com Lisa:”By the sixth or seventh look, you could almost hear the mental struggle as we tussled with the moral dilemma of whether, having endlessly mocked, we were now disqualified from placing a personal order.”
Do que eu vi os vestidos de Victoria são bem à imagem dela, identifico-os com ela. São clássicos, elegantes, com uma qualidade de confecção impecável e com detalhes bem pensados como fechos que dão para ajustar conforme o tamanho do nosso passo. Ou seja, muito práticos. Queremos andar mais depressa e dar passos mais largos abrimos mais os fechos, queremos o oposto e fechamos o fecho. Além do mais diz que têm uns bons forros e que são feitos de uma malha muito confortável.
Katie Hillier, designer de acessórios e consultora de Victoria confirma que ela está envolvida em todo o processo e que comunicam constantemente através de e-mail e telefone. E diz que Victoria tem uma reputação de grande profissionalismo.
A expressão que Lisa usa é “foist freebies” o que anda à volta de dizer que não gosta de publicidade como presente, por isso David nunca foi convidado para assistir a nenhum desfile da esposa, mesmo que o peça frequentemente. Afirma peremptoriamente que não quer que a sua colecção seja uma “celebrity line” como disse antes, tudo tem o seu lado bom e mau.
Suzy Menkes, crítica de moda do The International Herald Tribune diz que: "She's one of the rare celebreties who has managed to go to from walking the red carpet to dressing the red carpet.”
Podia continuar por aqui com um texto cada vez mais longo que resume o que disse VB na sua entrevista à British Vogue em Fevereiro, mas eu acho que todas vocês leram ou vão arranjar uma oportunidade de ler.
Lauren Millingan resume a entrevista como um descrição do que é acordar com David Beckham, eu vejo uma mulher sincera sem vegonha nenhuma de assumir que fazia playback nas Spice Girls e que era péssima no que fazia, que adora participar na vida dos filhos e que é extremamente trabalhadora, não acordou um dia de manhã e decidiu criar a sua linha de roupa, nem nos apresenta uma linha de roupa para a qual olhamos e não sentimos nenhum “background”. Não, muito pelo contrário, lemos sobre uma mulher que trabalha imenso e que prefere mudar-se para um hotel com parque subterrâneo para que não passem a vida a fotografá-la porque ela não é só dona de um estilo impecável é uma mulher que trabalha, quando vai a Londres visita a família e o mais importante não é só, sem tem o cabelo arranjado, mas sim as suas ideias, o seu pensamento que está por trás das suas roupas, clássicas, elegantes e confortáveis para mulheres como ela. Mães, trabalhadoras, que nem sempre acertaram à primeira nas suas escolhas, mas que tiveram oportunidade de mostrar o seu valor.
Para mim que era indiferente a tabloídes como “CUORE” então agora sou à prova de bala.
Claro que não vos deixo sem fotografias dos meus vestidos preferidos.
Boa Semana
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